segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Outono


Este ano o outono chegou com cara de inverno e eu esperei virar outono de verdade pra escrever sobre ele. Definitivamente o outono é a minha estação preferida. O verão é ótimo por causa da animação das pessoas, dos festivais musicais, mas mesmo sendo verão temos que sair com um casaquinho a noite; a primavera é romântica com suas flores, mas aqui em Portugal há flores o ano todo nos jardins bem cuidados; o inverno... bem, ainda estou tentando criar uma relação de amizade com o inverno e no momento adequado torno a falar sobre ele.

Na minha opinião, nada se compara ao charme do outono. A cidade fica mais linda ainda com suas árvores em tons que vão do amarelo ao vermelho, as folhas caídas no chão são de uma beleza inigualável. No por do sol, a cidade fica literalmente dourada, o clima fica gostoso. O sol brilha e faz um friozinho confortável que não nos tira a coragem de sair de casa e ainda andamos bem agasalhados com apenas uma blusa de malha, um casaco e um cachecol. Fora toda essa questão climática e estética do outono, tem um lance existencial que me fascina. Vejo o outono como uma fase de renovação e de confirmação de que temos que aprender com as árvores a praticar o desapego (em todos os níveis). O que seria do outono se a cada folha que fosse cair as árvores gritassem desesperadas: "Oh, por favor, não vá! Você faz parte de mim! Você é minha! Fica comigo por favor! Eu te criei e você não pode se desprender de mim!"
Soa muito egoísta, não soa? E por que não dizer até materialista?! Ah, essa feia mania que temos de achar que as coisas (e as pessoas) são nossas. Não são! Estão conosco por opção e ficam conosco o tempo que for necessário ou que lhes apetecer, e as árvores, mães sábias da natureza, nos dão uma lição de desprendimento e de que é preciso deixar partir para que haja renovação e continuidade no ciclo da vida. As árvores sabem que a cidade já usufruiu da sombra de suas folhas, dos sabores dos seus frutos e que agora precisa da beleza das suas folhas no chão.


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