Na postagem abaixo eu citei um alegre grupo de alemães da terceira idade que se embebedava de vinho do Porto numa tasca em Gaia. O que vocês não sabem é que no rascunho da postagem eu havia escrito um parágrafo todo sobre eles e ao ouvir a opinião do Filipe antes de publicar o texto, concordei com ele e resumi a parte dos alemães porque já estava fugindo muito do tema daquela postagem. Depois fiquei pensando... É tão comum vermos grupos de amigos bebendo e se divertindo em botecos, principalmente se eles são turistas num país diferente. Por que aquele grupo atraiu tanto a minha atenção? Por que eu quase esqueci o tema da postagem pra falar deles? E há pouco me surgiu a resposta: porque eu olhava para aquele grupo e lembrava de mim e dos meus amigos. Lembrava das mesas compridas onde já estive, todos brindando, todos falando besteira, todos rindo e de vez em quando, alguém vomitando no final. E tive saudade, muita saudade de estar entre velhos e bons amigos, e tive saudade do futuro que eu imaginava ter quando ainda morava no meu país, cercada por eles. Eu imaginava que ia envelhecer com eles, que íamos continuar nossa vidinha de ir à praia, ao boteco, ao cinema e aos restaurantes, sempre com reserva pra 10 ou 15. E enquanto observava aquele grupo de alegres-idosos-bêbados, eu me perguntava: Com quais e com quantos amigos estarei dividindo a mesa na minha terceira idade?
Eu cresci com a minha casa cheia de gente nos finais de semana. Eram os amigos dos meus pais que se reuniam pra uma noitada de violão ou pra um grande almoço de domingo. Desde que me entendo por gente, me acostumei com o barulho das garrafas sendo abertas, dos brindes dos copos, com a confusão na cozinha pra lavar a louça e com reservas de mesa pra 10 ou 15.
Reconheço e valorizo todas as vantagens de morar fora, de viajar, de fazer novos amigos e principalmente de estar ao lado do homem que eu amo, mas reconheço também as desvantagens e acho que uma das maiores delas é a grande ameaça de perder o elo com quem ficou do lado de lá. E lhes digo uma coisa, eu me esforço muito para que isso não aconteça. Fiz este blogue por isso, mando e-mails, cartas, telefono sempre que dá, tento não esquecer dos aniversários, tento participar dos momentos importantes nem que seja pelo Skype, mas sinto que se eu não fizer esta ginástica, as pessoas se acomodam e deixam de mandar notícias, deixam os laços se afrouxarem, deixam de compartilhar comigo o dia-a-dia delas e a gente vai se perdendo... Mas eu não desisto facilmente e continuo a ginástica do "não perder ninguém de vista" porque eu quero envelhecer rodeada dos meus velhos e bons amigos e quero continuar fazendo reservas de mesa pra 10 ou 15, esteja onde estiver nesse nosso mundinho.
*Quero deixar bem claro que estou bem satisfeita com os amigos que tenho feito aqui em Portugal, esta postagem é um leve puxão de orelha nos amigos que ficaram no Brasil. ;-)
Agora as reservas para 10 ou 15 são aqui, os amigos são outros mas igualmente dedicados!! E a diversão é sempre imensa! Mas é sempre bom ter mais amigos e isso não implica que seja preciso que outros fiquem para trás, por isso continuas a fazer a ginástica com um pézinho em cada terra...
ResponderExcluirMas com certeza irá haver grupo assim do gênero no futuro amoreca. Especialmente graças à tua criatividade nas amizades que vais construindo: "chá de panela, chá de bebé, amigo oculto de Páscoa, amigo oculto de aniversário, amigo oculto sem tema, piqueniques ao domingo, chá oculto, amigo de panela (quem é paneleiro?...), bebé no piquenique, churrasco oculto, chá de tília, café de piquenique, domingo oculto, chá tecnológico..." enfim minha linda lidel de eventos, contigo é impossível o grupo ser pequeno!
ResponderExcluir