
Desde que cheguei a Portugal, na condição de turista, uma coisa me incomodava muito: Não ter número de nada a não ser do meu passaporte e de alguns telefones. Era um saco ter diálogos como este:
Na Fnac:
Eu: -Olá, o que é preciso pra eu tirar o cartão daqui?
A moça: -Ora bem, basta a menina apresentar nº de contribuinte, comprovativo de residência, um documento de identidade e já está!
Eu: (Merda, deixa pra lá!) - Ah...tá bem, obrigada.
O fato é que agora já tenho nº de NIF (Contribuinte), NISS (Segurança Social), conta em banco com as senhas e códigos que tenho direito, nº de processo em análise no SEF, já sei meu CEP de cor e até comprovante de residência eu já tenho.
Conforme vou adquirindo números vou me sentindo mais "gente". Já me sinto até à vontade pra adoecer porque com esses números todos sei que vou ser atendida num hospital público. Dá o maior trabalho ter um piripaque em país estrangeiro sem ter nenhum número pra mostrar. Eu combinei comigo mesma que só ficaria doente quando estivesse no Brasil ou quando já tivesse o tão ansiado número da Segurança Social (o primo rico do nosso INSS) e cumpri o combinado direitinho. Só depois de ter recebido o tal número é que me dei ao luxo de ter uma velha e boa crise intestinal... mas já tô bem, nem precisei usar o número apesar de quase ter virado flor...
Falando em números, hoje foi tosar as madeixas e na saída, quando falei pro cabelereiro que ia levar meu namorado lá porque ele tem o cabelo enorme, pensa em cortar, mas não tem coragem, na mesma hora o gajo disse: Traz ele aqui que se ele cortar, não paga nada e ainda dou 100 euros pra ele! Vendemos perucas de cabelos reais e eu pago 100 euros pra ele na hora!
Recado dado ao Filipe, esta foi a resposta que obtive:
Ele (descascando batatas): -Se eu cortar meu cabelo, não vendo pra ele por 100 euros.
Eu (estupefata): - E vendes por quanto?
Ele (pondo o jantar no forno): -Por dinheiro nenhum! Fui eu que deixei crescer o cabelo e cuidei dele a vida toda, se não for meu, não vai ser de ninguém. Corto, mas não vendo.
Eu (pensando: é por isso que eu te amo) - Ahã-hã...
Tá aí um cara que não dá a mínima pra números, ele também não se incomoda nada que eu seja quase 7 anos mais velha que ele, he he he.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui sua opinião sobre o que pensa e sente a respeito do que lê no Duas Terrrinhas. É o retorno dos leitores que me incentiva a continuar. Obrigada!