Quanto mais longe estou da minha família, mais perto parece que estou. Deve ser porque estou sempre com eles na cabeça e a saudade no coração, e também porque sou um pouco de cada um deles e cada um deles é um pouco de mim.
Quando digo família, não estou me referindo apenas ao núcleo familiar, mas a todos os parentes, incluindo os agregados. Sempre pensei em minha família como um grupo de pessoas harmoniosas, com senso de humor e amor ancestral de uns pelos outros.
Com o casamento dos meus pais, as suas famílias se fundiram e se tornaram uma só. Os títulos de acordo com os laços sanguíneos caíram por terra e todos são primos, tios, avós e cunhados de todos. Nunca existiu isso de "essa é minha prima por parte de pai e aquela é por parte de mãe", é tudo prima e pronto!
Tenho imensa saudade dos almoços de domingo na casa da vovó Léa, com a mesa dos adultos e a mesa das crianças; das nossas festas de aniversário com um balão gigante pendurado no lustre da sala, cheio de balas e bombons disputados por nós, crianças, como se fosse bola de futebol americano na hora que meu pai ou um dos meus tios estourava o balão com um garfo; morro de saudade das festas de Natal que reuniam a família toda quando o Tio Henry e a Tia Celma vinham de São Paulo com minhas primas Maíla e Luiza e a gente ensaiava números de dança para torturar, quer dizer, alegrar nossos pais; tenho saudade das rodas de violão com meus pais, os amigos, minha mãe e minhas tias cantando e fazendo coreografias pra torturar, quer dizer, animar todo mundo e o mais intrigante disso tudo chega a ser até profético. Naquela época (e acho que até hoje), nossa música preferida nas rodas de violão era "Encontros e Despedidas" do Milton Nascimento. Sempre chegava a hora do "toca Encontros e Despedidas, pai", "toca Encontros e Despedidas, tio" e às primeiras notas do violão do papai, nós não tínhamos dó dos vizinhos e cantávamos em alto e bom tom a música que diz "todos os dias é um vai e vem/a vida se repete na estação/tem gente que chega pra ficar/tem gente que vai pra nunca mais/tem gente que vem e quer voltar/tem gente que vai e quer ficar/tem gente que veio só olhar/tem gente a sorrir e a chorar/e assim chegar e partir."
Sem notarmos, foi este mesmo o rumo que nossas vidas tomou e na nossa família gente partiu, gente chegou e não importa onde eu esteja, nunca estou só, estou com todos eles dentro de mim, estou com as lembranças do que parece que vivi ontem e é muito gostoso sonhar, planejar e concretizar o próximo encontro, sem contar com todas essas histórias legais que coleciono pra contar no futuro pra essa turminha boa da nova geração que vem chegando...
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